Olá amigos leitores. É com
grande prazer que venho comentar sobre o mito que cerca o treinamento de força
para população idosa, no qual, muitas pessoas entendem como uma atividade
lesiva e exclusivamente aplicada aos jovens.
Com o
processo natural do envelhecimento, ocorre a queda de algumas funções
fisiológica, que podem contribuir para a diminuição de algumas capacidades funcionais
como, sentar/levantar, puxar/empurrar, subir escadas, caminhar, ou seja,
realizar as atividades diária. Este processo é considerado natural a partir dos
30 anos de idade. No entanto, é após os 60 anos que este quadro evolui e é
facilmente percebido. Outro fator importante que favorece este quadro são as
facilidades imposta pela modernidade do dia a dia, como por exemplo,
elevadores, automóveis, equipamentos sem fios, entre outros. Estas facilidades
contribuem para o sedentarismo, causando o processo de sarcopenia, que é
definido como a perda degenerativa de massa muscular. Este processo desencadeia
uma cascata de reações que influenciam negativamente nas atividades diárias. Dentre
elas destacam-se a redução na força e potência muscular. Entende-se como
potência muscular, a capacidade do músculo em produzir força com velocidade. E
esta capacidade está fortemente relacionada com a competência do indivíduo em
realizar suas atividades diárias com precisão. Portanto, mesmo que seja
impossível impedir o processo de envelhecimento, existem estratégias que podem
reduzir os efeitos da sarcopenia, mantendo a independência para realizar as
tarefas diárias, quanto para o lazer, fornecendo uma boa qualidade de vida aos
idosos.
Nesse sentido, existem algumas estratégias de
treinamento de força (musculação) que têm mostrado excelentes resultados na
prevenção à sarcopenia e seus efeitos na população idosa.
Quando se fala em treinamento de força,
principalmente voltado a população idosa, é comum pensarmos em alguma revista
da área de atividade física, mostrando uma imagem de um individuo idoso
realizando algum exercício de musculação coma barra cheia de pesos, no entanto
essas imagens não correspondem com a realidade. A carga de treinamento (peso)
será avaliada e prescrita pelo professor após avaliações neuromusculares que
determinam uma carga segura e ideal para cada individuo.
Dentre os treinamentos com pesos sugeridos por
diretrizes especializadas em atividades físicas, estão os treinamentos de força
e potência. Ao contrário do que se pensava até a década de 70, hoje é sabido
que idosos ainda mantêm a capacidade de responder positivamente aos estímulos
desses treinamentos. Em relação a jovens a resposta é menor, no entanto é
possível produzir aumentos em torno de 40% na força máxima de membros
inferiores e de até 11% no tamanho do quadríceps (grupo de músculos da coxa que
mais sofre com a sarcopenia). Aumentos da ordem de 130% na força de membros
inferiores já foram observados em idosos frágeis (aqueles que dependem de
alguém para a realização das tarefas diárias) que foram submetidos ao treinamento
de força. Essas adaptações podem ser revertidas na melhora das capacidades
funcionais (caminhada, atividades como subir escadas, levantar da cadeira,
entre outras).
Estudos recentes do Laboratório de Adaptações ao
Treinamento de Força (USP) tem mostrado a similaridade de adaptações entre
esses dois protocolos de treino tanto em jovens quanto em idosos. Porém, quando
vamos para a prática, a realidade da prescrição de treino para o idoso nas
academias é bastante diferente. Ainda impera a mentalidade de 30
anos atrás, onde os idosos fisicamente ativos não são instruídos a praticar
treinamento de força, muito menos treinamento de potência, uma vez que os
resultados oriundos desse último são bastante recentes na literatura
especializada.
E o que diferencia o treinamento de força e o
treinamento de potência? Ambos são métodos de treino que podem ser praticados
na musculação. A diferença é que enquanto o treinamento de força utiliza
intensidades maiores e baixa velocidade de execução dos movimentos, o
treinamento de potência emprega intensidades menores, com a máxima velocidade
de execução. Embora com características distintas, são capazes de gerar as
mesmas adaptações.
Então, qual eu devo praticar? Esta é uma resposta
um tanto quanto complexa, pois depende de cada indivíduo. Em primeiro lugar, se
você quiser começar a se prevenir contra os efeitos da sarcopenia praticando um
desses tipos de treino, deve primeiro consultar um médico e verificar como anda
sua saúde. O passo seguinte é procurar um profissional de Educação Física especializado
no assunto que, após fazer um levantamento minucioso do seu quadro físico
geral, deverá avaliar qual dos tipos de treino será o mais adequado para você.
O ideal é a realização de ambos ao longo do seu treinamento. Vale ressaltar
ainda que os dois tipos de treinamento é um excelente estímulo para a prevenção
da osteoporose, no entanto, é contraindicado no caso de osteoporose grave,
devido o risco de fraturas.
Por fim, a combinação ideal para a manutenção de
uma boa qualidade de vida no envelhecimento é a realização de um ou ambos os
treinos ao menos duas vezes por semana, em conjunto com uma atividade aeróbica
para garantir também as adaptações cardiovasculares. Portanto, pense no
treinamento de força como um grande aliado e deixe os mitos de lado.
Lembrem-se: envelhecer todo mundo envelhece, o
diferencial é como envelhecemos. Essa é uma escolha de cada um. Nunca é tarde
para começar a se cuidar. Bons treinos.
1. American College of Sports Medicine. Position stand: progression models in
resistance training for healthy adults. Med Sci Sports Exerc. 2009 Mar;41(3):687-708
2. Wallerstein, LF; Tricoli V, Barroso R; Rodacki ALF; Russo L; Aihara AY; Fernandes ARC; Mello MT;
Ugrinowitsch C. Effects of Strength and
Power Training on Neuromuscular Variables in Older Adults. Journal of Aging
and Physical Activity,2012,20,171-185.
Bom dia Jader!
ResponderExcluirparabéns pelo Post e estarei por aqui acompanhando seu blog e divulgando seus posts sempre muito informativos.
Não pude me despedir na semana passada,mas desejo que você tenha muito sucesso nessa nova fase da sua vida!
Bejuzzz Bejuzzz
Gi Almeida
www.todas-amam.blogspot.com.br
Obrigado Gisele, Estarei sempre por lá.
ResponderExcluirgrande abraço.